Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Café Europa Rádio Show




quinta-feira, 12 de junho de 2014

O Basto


Por artes que não vêm ao caso, a escultura jacente e acéfala de um guerreiro lusitano, oriunda da Galiza e datada do século I a.C., há muito foi posta de pé no coração de Cabeceiras de Basto. E, no correr dos tempos, acrescentada: sobre o pequeno escudo circular, com a inscrição «Ponte de S. Miguel de Refoyos 1612»; já no século XIX, com um estupendo par de botas de montar, um facies e uma bigodaça de granadeiro e a barretina de quem ousou enfrentar as tropas de Napoleão. Ali ficou, encostada à parede, devotamente baptizada - o Basto.
Também outrora se roubavam pedras às ruinas dos castelos para fabricar as lareiras dos lares. Há neste portuguesíssimo desrespeito pelo património histórico (no arquelógico caso de o Basto, as estátuas gémeas terão todas permanecido do outro lado do Minho...) qualquer coisa do mais sincero carinho. Em redor do lar se reune a família, enregelada e esfomeada; naquele pitoresco o Basto se revê a região inteira, prenhe de lendas, tradições, episódios de coragem, valentia e resistência - assim catita, meio Viriato meio Gomes Freire, general por inteiro, o Basto foi elevado à dignidade de um símbolo!
E tudo as gerações acabam por perdoar, deixando crescer acima do pecadilho os mimos devidos aos adoptados. Quem ponderaria restituir hoje o Basto às suas origens, à sua essência? Quem enfrentaria, po isso, as hostes, reunidas em fúria, de Cabeceiras, Celorico e Mondim?
Pois se até as torres de Ofir ou o mamarracho Coutinho de Viana vieram para ficar...